segunda-feira, 2 de março de 2009

Um dia perfeito!

Dia 17 de janeiro último, um sábado ensolarado, foi um dia perfeito. Juntei duas coisas que gosto muito: Xadrez e Serjão! Numa conversa, via skype, Serjão disse que viria passear em Abre Campo, onde a família da patroa dele tem um sítio muito bonito e agradável. Como é perto de Ponte Nova (65 Km), marcamos um encontro para jogar xadrez e matar as saudades dos velhos tempos.

Serjão, velho amigo!

Conheci Serjão em 1984, em Gov. Valadares. Colegas de banco e companheiros de peladas nos finais de semana, descobrimos uma paixao em comum: O glorioso Clube Atlético Mineiro! Quando nos casamos (eu com a minha mulher e ele com a dele, claro) os laços de amizade estreitaram-se, já que as respectivas patroas tornaram-se muito amigas.

Interessante é que somos de temperamentos completamente diferentes. Ele tem muitos defeitos, uns mais sérios (não fuma e não bebe) e outros toleráveis (extremamente calmo e tranquilo). Engenheiro Civil, bancário, empresário, comerciante e craque em bolsa de valores. Aliás, em qualquer área que se mete ele o faz com extrema competência. Ah, já ia me esquecendo, ele tem também um faro incrível pra escolher os amigos! :-))

Certo dia, ao ver-me debruçado no tabuleiro de xadrez, Serjão disse "um dia quero que você me ensine a jogar essa porcaria". Acho que demorou uns 2 anos pra ele criar coragem, mas o dia chegou e em meia hora passei-lhe os movimentos das peças e o objetivo do jogo. Ele acompanhou tudo como um "Newton olhando pra maçã" e saiu lá de casa com tabuleiro, peças e o Xadrez Básico emprestados. Em menos de uma semana devolveu tudo dizendo "comprei meu próprio material!". Lógico que bati nele durante muito tempo, principalmente em partidas blitz, mas quando saí de GV o placar em partidas rápidas (acima de 15 minutos) já lhe era favorável.

Xadrez e natureza!




Enquanto a patroa "quarava" eu jogava
xadrez e botava o papo em dia.




Voltando à vaca fria (termo do Serjão), passamos um dia maravilhoso. O sítio é muito bonito, todo florido, instalações confortáveis, piscina, lagoa para pescar e um gostoso pomar onde "chupei manga no pé!". Tudo isso aliado a um pessoal hospitaleiro e super-gente-boa!

Combinamos jogar alguns blitz para esquentar e duas partidas de 1h nocaute. O tempo ficou curto (eu tinha compromisso em PN à noite) e as partidas acabaram sendo de 45 min pra cada um, mas foram boas partidas e nos divertimos bastante, além do que, restabelecemos o velho dogma: os discípulos respeitam os mestres. :-)




Eu executando o Serjão e a viatura preparada
para uma fuga rápida em caso de represálias. :-)




As partidas:

Serjão 0x1 Marão

Entramos numa Índia do Rei onde a troca 8.dxe5 facilitou minha vida e pude capturar com o cavalo e "inventar moda". A idéia é abrir o jogo e simplificar, evitando aquele meio-jogo congestionado onde sei que o Serjão me supera. Estranhei o duvidoso 10.Bg5 que praticamente me obrigou ao ótimo 10...Qa5, com ameaças táticas. Serjão capivarou feio e eu ganhei uma peça. Ele resistiu bem e ambos cometemos mais imprecisões, o que é normal em partidas rápidas. Jogamos até o mate porque as duas setas estavam penduradas.



Marão 1x0 Serjão

Sabendo que o "homi" é chegado na Najdorf joguei o Gambito Morra. Escolhi bem porque logo percebi que ele não estava muito familiarizado com o sistema. 7.Bg5 é meio fora do esquema, mas não resisti em cravar a única peça negra desenvolvida e tentar criar alguma debilidade. Acho que Serjão tratou mal a posição. No lugar de Nbd7 e Qc7 eu teria jogado Nc6, a6, Qc7 e possivelmente b5 e Bb7. 13...Qb6?? foi de lascar, mas eu não aproveitei bem. 14.Be3 não foi de todo ruim, mas e5 seguido de Na4 ganhava uma peça, segundo Ribamar. Com a partida sob controle, continuei jogando rápido e ele gastando muito tempo. Por volta do lance 20 o jogo igualou, mas minha vantagem no tempo era enorme e após outro erro (22..b5?) ganhei a qualidade. O resto foi fácil até o relógio do Serjão cair.

4 comentários:

gbsalvio disse...

Masegui, sério : - Vc ta começando a jogar muito bem esta "porcaria" de xadrez... Cara, apesar de amistosas, duas belas partidas...! e não é confetes não , viu....

UGA

Masegui disse...

Grande Sávio!

Obrigado, mas... menos, Mestre, menos, tenho muito que aprender...
Meu sonho é um dia conseguir jogar o xadrez brilhante que você joga: parte pra cima, entrega tudo e dá mate com meio peão!

Anônimo disse...

Marão, meu velho, como voltei ao batente ontem, só agora consegui ler o blog. E tenho que confessar minha surpresa. Não contava com um prefácio antes das análises e foi com um largo sorriso e muita alegria que li suas impressões do passeio, o divertido resumo da história de nossa amizade e a generosa apresentação do amigo. Já mostrei, orgulhosamente, o blog para meus filhos e esposa (que deram boas risadas e não conseguiram esconder a admiração) e disse emociado: é o meu amigo! Estou escrevendo aqui e não por e-mail como sempre acontece, porque quero deixar publicamente registrado a fala recorrente de que a lacuna que o amigo deixou aqui em GV não foi preenchida e é com muita saudade e alguma nostalgia que me lembro dos inesquecíveis momentos e movimentos que vivenciamos antes que o BB levasse para longe o amigo. Mas, como bem canta o poeta Milton, amigo de verdade a gente guarda dentro do peito e nem o tempo ou a distância conseguem arrancá-lo de lá. Bom, isso devidamdente anotado, uma pequena e uma grande correção no texto:

a) o tanque é uma lagoa :))

b)a história de como aconteceu a minha descoberta do seu tesouro não foi bem como relata. Compreendo que a memória já lhe falha e tenho que refrescá-la com a versão verdadeira: depois de 1 ano de Sergio e Celeste visitando Mario e Cici, um belo dia eu não me contive e impressionado pela sua paixão pelo xadrez eu não me contive e pedi que jogasse uma partida comigo. Vc, já escaldado por tantos outros amigos e curiosos que já haviam tido a mesma reação, e satisfeita a curiosidade, então é isso e acabou, e ante a expectativa de uma enfadonha partida com um ignorante, relutou, desconversou, desdenhou mas, eu insisti e jogamos. Apesar da sensação de perda de tempo, como bom enxadrista, jogou e ensinou as primeiras lições com inevitável maestria e paciência. Eu já sabia mover as peças mas, a sua habilidade em jogar e a apresentação dos primeiros segredos me fizeram perceber que eu estava diante de algo muito grande, mágico, intrigante, fascinante. E como bem disse, saí com o Xadrez Básico e material debaixo do braço. E após algumas páginas, voltei para mais partidas e lições, então já sob grande expectativa e entusiasmo. Eu literalmente me apaixonei pelo xadrez, e a exemplo do meu mestre, não só pelo jogar mas, por tudo o que se relacionava com ele.

Para terminar essa "missa", meu velho amigo, essa dádiva eu não tenho como pagar, tampouco vou esquecer. Uma agradável dívida eterna pois, se hoje não sei viver sem o xadrez é por sua única e total concessão. Posso repetir o meu sincero muito, muito obrigado, amigão. Grande abraço.

Masegui disse...

Serjão, meu velho,

a) Correção efetuada!

b) Seu relato é mais preciso, sua memória (cabeça!) sempre foi melhor que a minha. Considere minha versão (resumo) como um "recurso poético" :))

A propósito, a versão inicial continha mais histórias, como por exemplo as várias vezes que você me arrastou pro estádio pra gente ver o "glorioso" jogar. Ainda me lembro de você dizendo "não pode recusar, já comprei os ingressos". Acabei suprimindo para o post não ficar muito grande...

Quanto ao resto... você me deixou emocionado... obrigado, meu velho!