quinta-feira, 30 de julho de 2009

Aberto do Brasil - Sete Lagoas - Mau começo!

Surpresa na 1ª rodada: meu adversário é deficiente visual! Roberto Carlos Hengles, rating FIDE 1955, CBX 1935, campeão brasileiro da categoria, medalhista em Pan-Americano de Deficientes Visuais e já representou o Brasil em competições internacionais.
Observe na foto ao lado o relógio especial. Os botões vermelhos, quando acionados, informam ao jogador o tempo restante!
(clique para ampliar)

Neste meu primeiro embate com um deficiente visual eu tive algumas dificuldades de adaptação. Numa partida normal o jogador faz o lance, aciona o relógio e depois anota na planilha "com o relógio do adversário em movimento". Neste caso o jogador faz o lance, canta a jogada para o adversário e só depois aciona o relógio e anota na planilha. Pra quem não está acostumado é uma preocupação a mais e preciosos segundos vão embora a cada lance. Outra preocupação: a partida era no ritmo de 2h nocaute - o relógio especial do Roberto não tem incremento - assim, eu não podia contar com aqueles 30 segundos salvadores num caso de apuro de tempo. Pra piorar as coisas o cara joga muito rápido!

Roberto Hengles 1-0 Mário Guimarães

1. e4 c5 2. Nf3 d6 3. d4 cxd4 4. Qxd4 Eu já usei esta variante de brancas, para evitar linhas muito analisadas e como elemento surpresa. Nc6 5. Bb5 Bd7 6. Bxc6 Bxc6 7. Bg5 Nf6 Aprendi a não dar confiança a esses lances estranhos! Se agora 8.Bxf6 gxf6 e fico com o par de bispos e um centro forte. 8. Nc3 e6 9. O-O-O Be7 10. Rhe1 O-O 11. e5 dxe5 12. Nxe5 Qxd4 (?) O lance não é tão ruim a ponto de merecer a interrogação. Ela só está aí para reprovar os motivos que me levaram a efetuar tal troca. Em outras circunstâncias eu teria jogado 12... Qc7, minha escolha inicial e o melhor na posição. Optei pela simplificação tentando alcançar uma situação mais fácil de lidar para economizar tempo no relógio. Claro que foi uma decisão completamente equivocada. 13. Rxd4 Rfd8?! Seguindo o mesmo raciocínio errado do lance anterior. Eu sabia que não podia tomar em g2 porque 14.Nd7 complica minha vida, mas... 14. Nxc6 bxc6 ... acabei numa posição inferior. 15. Rc4 Nd5 16. Bxe7 Nxe7 Por enquanto a posição está sustentável, mas pra ser honesto "aimenot filingude!" 17. Re5 Kf8 18. Ra5 Rd7 19. Rca4 Nd5 20. Nxd5 cxd5 21. b4 Rc7! Um lance bom e necessário pra conseguir algum contrajogo. 22. Kd1 Ke7 23. b5 Rb7 24. c4 dxc4 25. Rxc4 Rd8+ 26. Kc2 Rbd7 27. Kb3 Rd3+ 28. Rc3 Rxc3+?! É melhor manter as duas torres. 29. Kxc3 Rd7 30. Ra6 Kd8 31. a4 Kc8 32. Kb3 Kb7 Roberto também não fez os melhores lances e eu igualei a partida. Meu problema é o relógio. 33. Rc6 Rd3+ 34. Rc3 Rd2 35. Rf3 Rd7 Avançar f6 ou f5 é melhor. Olhei o relógio, pouco mais de 3 minutos, partida nocaute... puxei a torre de volta! 36. Kb4 f6 37. a5 Rd4+ 38. Kc5 Rd5+ 39. Kc4 a6 40. Rb3 axb5+? Joguei ao toque, errei feio e este lance deveria decidir a partida. No entanto, apurado no tempo, cantei o lance errado. Corrigi imediatamente, mas Roberto acionou de volta meu relógio e formou-se um pequeno bafafá. O árbitro auxiliar, André Luiz, nesta hora estava ao lado da mesa e tentou argumentar com o meu adversário dizendo "ele cantou errado, mas fez o lance correto no tabuleiro". Provavelmente ele me puniria e daria os devidos acréscimos ao Roberto, mas este exigiu a presença do árbitro principal. Assisti a tudo de camarote, caladinho no meu canto, mas até que pararam o relógio eu perdi preciosos segundos. O árbitro principal veio, garantiu o acréscimo de 2 minutos ao Roberto em caso de necessidade (pouco provável, ele tinha uns 20 minutos!) e a confusão acabou. 41. Kb4? Este erro, provavelmente causado pelo nervosismo do Roberto, poderia mudar o resultado da partida. Ka6 42. Rg3 Rd2?! 43. Rxg7 1-0 Olhei o relógio (58 segundos) e cumprimentei o adversário.

Considerando os atropelos, até que fiz uma boa partida. Não reclamo das condições de jogo, está tudo previsto nas leis do xadrez, mas da minha falta de costume com o esquema. Em tal situação eu deveria ter adotado uma postura mais competitiva. Por exemplo, eu poderia ter sacrificado um pouco o café e o cigarro e me concentrado mais na partida. Na próxima levo uma super bonder e colo minha bunda na cadeira!

Bem, mesmo borocoxô, com o astral lá embaixo, precisei correr. Minha partida foi a última a terminar e tive menos de 1h de intervalo. Corri pro hotel, banho rápido, lanche rápido, corri de volta, cheguei em cima da hora, sentei, cumprimentei o adversário e... joguei minha pior partida dos últimos tempos!

Mário Guimarães 0-1 Jerry Dibai
Após uma abertura recheada de lances sofríveis, chegamos a esta posição:
14. e5?
A pergunta é: o que leva um sujeito a fazer um lance deste? Tive chances de efetuar este avanço em melhores condições e não o fiz. Agora que não podia... PQP! O mais interessante foi como se deu a coisa: de imediato pensei em 14.Ne3. Cheguei a levantar a mão sobre o tabuleiro, mas parei no meio do caminho. Pensei com meus grugumios "avanço e5, trago a TD pro centro e tenho compensação pelo peão". Isto, claro, após uma longa reflexão de uns 15 segundos.!
bxc4 15. exf6 cxd3 16. Qxd3 Bxf6 17. Bh6 Rfe8 18. Rad1
De acordo com meus cálculos mirabolantes agora eu teria compensação pelo peão. Estabelecida a posição, vi que não era bem assim. Em condições normais eu poderia espernear e tentar meio pontinho ou algum milagre... mas baixou um desânimo total. O resto foi jogado no piloto automático e beira ao ridículo.

Minha salvação foi a patroa. Se estou sozinho entro no primeiro boteco e... Deus é grande!

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Aberto do Brasil - Sete Lagoas-MG



A Lagoa Paulina e o belo salão de jogos do Iporanga S. C. com rodada em andamento. Clique para ampliar.




Parabéns aos organizadores do evento! horários cumpridos à risca, ótimo ambiente, local bonito e agradável, cafezinho delicioso (tomei uns 30 por rodada). Uma beleza de torneio! Resultados aqui.

Encontrei velhos conhecidos e fiz novos amigos, entre eles Ruy Furst, incansável na divulgação do xadrez em Minas. Um verdadeiro mito!

Conheci pessoalmente o gente-boa Joaquim de Deus Filho, o Joca, do blog xadrez&torneios e acabei esquecendo de perguntar como ele faz pra jogar TODOS os torneios que acontecem no Brasil!

O vencedor do torneio FM Luis Ernesto Rodi, com quem conversei rapidamente, é um cara simples, tranquilo e muito simpático. Nem é preciso falar que o hermano joga pra c@#@%*&!

Abaixo mais alguns flagrantes, da esquerda p/ direita: O Campeão Luis Rodi recebendo seu prêmio, o garoto Victor numa batalha de gerações com Ruy Furst e F. Gazel x R. Fontoura



Minha performance: +3-2=1 - 3,5 em 6 - classificação: 17°/24°
O resultado foi bom, levando-se em conta o grau de capivarice e a intenção (promessa) de fazer no mínimo 50% dos pontos. No entanto, não gostei da maneira como joguei. Não me refiro à técnica, que só será melhorada com a prática de torneios, mas ao enfoque. Tudo bem que a diversão era o principal objetivo, isto foi alcançado, mas voltei com a sensação de que poderia ter obtido um resultado melhor com pequenas mudanças na atitude.

Algumas lições foram assimiladas por esta cabeça dura e velha: levar mais a sério o torneio, ser menos bonzinho(!?) e mais competitivo, não me deixar abater por um resultado adverso e, principalmente, ter mais autoconfiança (conselho/censura/pito recente do amigo Gbsalvio)

Minhas partidas:
Uma breve análise das rodadas, antes de conferir com Ribamar. Depois eu deixo ele apontar as capivaradas, que não devem ser poucas:

Sexta-feira, 17/07
R1 - Roberto Carlos Hengles 1-0 Masegui
Joguei bem a abertura, depois me desconcentrei. Enfrentar pela primeira vez um deficiente visual foi muito desgastante e fiquei o tempo todo sob pressão. Lutei muito e a certa altura até poderia vencer, mas o relógio foi implacável.

R2 - Masegui 0-1 Jerry Dibai
Minha pior partida. Armei uma espécie de ataque índio e estava bem até que, sem calcular direito, arrisquei um sacrifício de peão tentando abrir linhas de ataque. O troço não funcionou e, nervoso, deixei passar um simples tático, perdendo outro peão. Chutei o balde sacrificando a qualidade e acabei com um roque menor na tabela de resultados.

Sábado, 18/07
R3 - Gabriela Marques 0-1 Masegui
Eu tinha que vencer ou ia ver um roque maior na tabela! Gabriela tem uns 13 anos, bonita, simpática e sabe jogar. Fez tudo direitinho até cometer um erro tático simples. Ganhei um peão, tomei a iniciativa, ganhei outro e o resto foi simples.

R4 - Masegui 1-0 Catarina Brandão
Por culpa do sistema suíço enfrentei a linda Catita, de 9 aninhos! Ela está começando agora e tem muito potencial. Peguei seu autógrafo na planilha, que valerá uma boa grana quando ela for uma GM.

Domingo, 19/07
R5 - Marcelo Menezes 0-1 Masegui
Depois de uma boa noite de sono acordei disposto e joguei uma boa partida. É verdade que o adversário ajudou, mas joguei solto e despreocupado, não podia perder. O garoto encarou a siciliana de modo tímido, devagar, esperando eu rocar pra soltar a peãozada. Atrasei o roque enquanto pude e quando surgiu a oportunidade meti uma torre na área adversária, tipo um centroavante segurando a zaga. Se derrubar é penalty. Derrubou, perdeu!

R6 - Masegui 1/2-1/2 Walter Godinho
Dois chopps e almoço legal. O adversário é forte, mas a preocupação é jogar rápido e acabar logo, qualquer que seja o resultado. O companheiro de viagem tem um compromisso em BH e vamos dividir o táxi. Meia hora de jogo, várias mesas vazias, Luciano com um cavalo a menos (vai perder logo!) e uma oferta de empate, antes mesmo do quiproquó começar. "Bora pra casa, tô com sardade dos mininu!"

Notas pessoais:
Sábado à noite visitamos uma feirinha próxima ao local do torneio, na orla da lagoa Paulina. Eu, Rogério Fontoura e as respectivas... Bom papo, cervejinha e tira-gosto. Bem, o mestre só tomou um copo, pra me agradar, já que não tem o costume de beber (eu sabia que ele tinha algum defeito!). Eu, assim, dispensei o tira-gosto e fiquei só nas latinhas porque sei que "um homem comido é um homem liquidado!". No caminho de volta pro hotel "engambelei o estôm" com um sanduíche de carrocinha!

Foi ótimo ter levado a "santa que me cuida". Ela organizou as roupas, cuidou da alimentação (pitacos no cardápio) e deu suporte na água gelada e cafezinho durante as partidas. O único inconveniente é que ela saiu com as meninas do Rogério (patroa e filha) e cobrou os serviços prestados usando meu cartão de crédito!

Dureza mesmo foi aguentar as "pérolas" do amigo e companheiro de viagem, Luciano Melo, ditas após as duas primeiras rodadas, quando ele tinha uma vitória e eu um roque menor na tabela:
- É, parece que você vai correr atrás de mim o torneio inteiro!
- Amanhã vou pedir ao árbitro para te emparceirar com alguém bem fraco, pra você fazer um pontinho!
- A primeira você jogou na mesa 15, a segunda na 25. Amanhã sua mesa vai ser no fumódromo!
Durma com um barulho desse! O pior é que ele fala com a cara mais séria do mundo e quando eu apenas respondo "obrigado Senhor, por me permitir ouvir isto" ele sai às gargalhadas. Mesmo assim fiquei muito feliz com a performance do amigo. Conseguir 50% dos pontos num torneio desse nível não é pra qualquer capivara! - Obrigado pela ótima companhia, parceiro!

Mico do torneio:
Quinta rodada, partida complicada, sacrifiquei uma torre - na verdade não foi sacrifício, porque se tomar leva mate. Levantei da mesa, parei, olhei pra trás, dei mais uma conferida, tirei um cigarro do bolso e caminhei em direção ao fumódromo, que era numa sacada separada por uma porta de vidro "sempre aberta". Levantei os olhos, vi algumas pessoas fumando, procurei o isqueiro no bolso, ainda pensando no lance que havia feito e... BRUMMMM! Sapequei a fuça no vidro! Alguém tinha fechado a porra da porta e eu, distraído, não percebi! Foi um estrondo danado e, sem jeito, nem olhei pra trás. Ah, Xapralá, todo gênio é distraído, mesmo!

Pra fechar com chave de ouro, mais 3 flagrantes: Luciano Melo (de vermelho) dando suas capivaradas, as palmeiras da lagoa Paulina e o clássico das respectivas!

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Sete Lagoas, lá vamos nós!

A caminho do Aberto do Brasil, etapa de Sete Lagoas. Amanhã cedinho pegamos o trecho. Capivara gosta de beira de rio, mas lagoa é "bão tamém".

Minha intenção é passear, conhecer gente nova e rever os velhos e bons amigos, se Deus quiser. Diversão é o objetivo. E diversão, pra mim, tem que ter xadrez. Adoro o ambiente de torneio, mestre misturado com capivara, conversa fiada, silêncio quando é preciso.

Vou aproveitar e empurrar umas pecinhas, isto é, apanhar um pouquinho... também vou tirar algumas fotos e ver como jogam os fodões! ... de quebra aprendo alguma coisa!

A "santa que me cuida" vai comigo. E tá levando seu tamanco pesadão, pra sapecar na cabeça de algum desavisado que resolver me xequematear rápido demais!

Seja o que Deus quiser...

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Tolerância Zero!

A FIDE implementou recentemente (1º de julho) algumas alterações nas leis do xadrez e uma delas está dando o que falar. Trata-se do artigo 6.6a, que regulamenta o início de uma partida de torneio. A polêmica está dando pano pra mangas e o tal artigo está sendo chamado de "tolerância zero".

Antes de dar meu pitaco, imaginem uma situação hipotética:

Torneio numa cidade do interior, organizado por meia dúzia de aficionados que lutam para divulgar o xadrez. Patrocínio da prefeitura e algumas empresas. Cobertura do jornal, rádio e TV local. A atração principal é o famoso GM Savioly Damascenovich, contratado a peso de ouro!

Abertura do torneio: Estão lá os patrocinadores, prefeito, juiz, delegado, padre (vai benzer, pra dar tudo certo), enfim, a nata da cidade. O lance inicial será efetuado por D. Rosinha, mulher do prefeito e proprietária da fábrica de cachaça, principal patrocinadora do evento. A primeira dama, claro, está toda perequeté... fotógrafos, TV, sacumé, né!

O árbitro contratado da federação quer iniciar a primeira rodada, mas... êpa, peraí! e a grande estrela do evento, GM Savioly Damascenovich? cadê aquele fidumaégua? Bom, não se pode fazer nada, a lei diz que ele pode se atrasar até uma hora. Fala pras "otoridade" sentar e esperar!

Pois é, brincadeiras à parte, uma situação perfeitamente possível. Ou era...

Agora falando sério, eis o texto da nova lei, copiado de um link na página da CBX, em sua versão original e a respectiva tradução:

"Any player who arrives at the chessboard after the start of the session shall lose the game.Thus the default time is 0 minutes. The rules of a competition may specify otherwise."

"Qualquer jogador que chegar ao tabuleiro após o início da sessão perderá a partida. Deste modo o período de ausência é 0 (zero) minutos. As regras da competição podem especificar de outra forma."

Bem, muita gente boa tá metendo o cacete. Ainda não vi ninguém defendendo. Também, pra defender a FIDE é preciso pensar duas vezes, o monte de merda que seus dirigentes andaram fazendo nos últimos anos não tá no gibi. Na dúvida, senta a púa!

However, na opinião deste humilde capivara desta vez os acefálicos dirigentes acertaram! Êpa, calma gente, antes do apedrejamento eu gostaria de explanar meus argumentos, posso?... tá, brigadão. Depois, quem quiser que atire a primeira peça.

Em sua essência a lei não foi alterada, mas aperfeiçoada! O texto anterior estabelecia um padrão meio anárquico: o jogador PODE se atrasar até por uma hora, a seu bel-prazer, A NÂO SER QUE o regulamento especifique o contrário. O texto atual dá ênfase a um padrão mais organizacional: o jogador NÃO PODE se atrasar, A MENOS QUE o regulamento permita. Simples.

O novo texto ajuda os organizadores de torneios no sentido de que suas agendas serão obedecidas, os compromissos com os patrocinadores serão cumpridos, etc. Quanto aos enxadristas, basta que cumpram a programação estabelecida. Simples, também.

Na verdade eu não consigo entender essa chiadeira toda. Tudo nesta vida tem regras e horários a cumprir, por que no xadrez seria diferente? Minha vida toda eu cumpri horários: trabalho, futebol, escola, ônibus... até ônibus tem hora pra sair, meu Deus! dá pra acreditar?!

Os recentes episódios "da genial chinesinha que perdeu por WO mesmo estando no salão de jogos" e "do jogador que se levantou da mesa para procurar uma caneta e que também perdeu por WO" não valem como desculpa. Foram fatos isolados e tudo indica que em ambos os casos faltou comunicação, esclarecimento e principalmente bom senso.

Está claro, né pessoal? a ordem agora é organização! Mas claro, se alguém quiser organizar um torneio com aquela "uma hora de tolerância" a FIDE não proibe, basta informar no regulamento e pronto. Então, é ruim a nova regra?

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Petrossian Mineiro

No último post eu fiquei devendo uma partida mais recente do Rogério Fontoura. Consegui as partidas do Aberto do Brasil de Conceição do Rio Verde e pagarei minha dívida. Antes, porém, lembrei-me de um fato interessante que deixei de citar no post passado:

Nos velhos tempos de GV, enquanto eu e a maioria do pessoal jogávamos sempre "partindo pra cima" e atacando de qualquer jeito, Rogério, com seu jeitão tranquilo e sua técnica superior, ia na lenta, na maciota, só cozinhando o galo. Quando a gente menos esperava... vapt na jugular! não dava outra. Por causa disso eu o apelidei de "Petrossian Mineiro". Era molecagem, mas guardadas as devidas proporções, o apelido vem a calhar.

Chega de conversa e vamos à bela vitória do meu mestre sobre o fortíssimo Gazel:



Mais uma do Rogério:

Em nosso bate-papo na semifinal de Nova Lima, no final do ano passado, eu quis saber o que ele andava jogando atualmente, o que estava estudando, etc. Com seu jeito simples e tranquilo ele disse mais ou menos assim: "Tenho jogado peão dama. Não tenho tempo para estudar e não preparo nada. Uso o pouco que sei e escolho meus lances de acordo com a situação do momento. Jogo porque gosto de jogar".

Parece bobagem, mas achei a resposta bastante inspiradora. Principalmente para aqueles que gostam do jogo e às vezes sentem-se desanimados porque não conseguem melhorar o nível! Ora bolas, e daí? Jogar bem, vencer partidas, vencer torneios, todo mundo quer... até eu que sou bobo! Mas se não der, paciência. O bacana é jogar xadrez pelo prazer de jogar xadrez! Mais uma lição de meu mestre!