quinta-feira, 28 de julho de 2011

Uma aula e tanto!

Dentre os vários blogs de xadrez que eu acompanho frequentemente está o do GM Vinay Bhat, cujos textos são excelentes. A forma como ele comenta uma partida é sensacional, porque ele consegue transmitir, de um jeito simples, exatamente o que estava pensando. Ele deixa transparecer suas dúvidas e seus erros de avaliação, assim como seus acertos, de uma forma muito natural. Ler os seus posts e comentários faz a gente ver que os grandes mestres, mesmo sendo geniais, não são de outro planeta!

Fiquei tão fascinado com os comentários de uma de suas partidas que tive a cara de pau de pedir ao mestre autorização para reproduzi-la aqui no Recanto, em português, para deleite e aprendizagem da capivarada.

A partida foi jogada em um match US-China em 2001. O GM Vinay Bhat era o 1º tabuleiro da equipe júnior e havia perdido a primeira partida. Bem, deixo vocês com o mestre, cujos comentários é uma verdadeira aula:

Vinay Bhat - Bu Xiangzhi

Após o embaraçoso início o capitão da equipe, GM Nick de Firmian, mostrando alguma fé, mandou-me de volta ao 1º tabuleiro. Desta vez eu tinha as peças brancas.

1.e4 c5 2.Nf3 d6 3.Bb5+ GM Bu evitou as linhas principais com 3...Bd7 4.Bxd7+ Nbxd7. Após 5.0-0 Ngf6 6.Qe2 g6 (6... e6 é muito mais popular), eu joguei 7.c3. O jogo seguiu com 7... Bg7 8.d4 cxd4 9.cxd4, e já acho que o branco está melhor. O negro tem que permitir e4-e5 (e talvez e5-e6) ou continua como fez GM Bu, com 9... e5


Olhando agora a posição eu vejo que na época de nossa partida o negro tinha um escore de 2 a 0 com esta variante, portanto isto era, talvez, parte da preparação do GM Bu. Na época eu jogava apenas 1.e4, com um par de anti-sicilianas no meu repertório. A Rossolimo - 3.Bb5+ - era a linha mais séria, assim não poderia ter sido uma surpresa para ele.

Entretanto, jogar ...e5 tem seu lado ruim, porque depois de 10.dxe5 dxe5 11.Rd1 a posição negra é um pouco delicada. Sua dama tem muitas casas à disposição (para escapar de 12.Nxe5), mas a maioria delas deixa a dama exposta de alguma forma. Em e7, por exemplo, tem que encarar 12.b3 seguido de 13.Ba3. GM Bu escolheu 11... Qb8, mas isto além de esconder a Dama esconde também a Ra8. Eu continuei com 12.b3. Agora se 12...b5 eu planejava 13.Ba3 b4 14.Bb2 O-O 15.Nbd2, onde as negras fecharam a diagonal a3-f8 mas presentearam as brancas com a casa c4. A partir de c4 o peão e5 fica vulnerável e não está claro como as negras se desenvolverão após algo como 15... Re8 16.Nc4. O Nf6 está preso defendendo o Nd7 e este está preso guardando e5. Enquanto isso as brancas ainda têm lances construtivos - dobrar na coluna d é uma possibilidade.
Bu jogou 12...0-0 13.Ba3 Re8 14.Nc3 e agora disputou a diagonal com 14...Bf8. Eu não me lembro disto ter sido uma decisão particularmente difícil para mim, porque eu senti que meu bispo era melhor que o dele, portanto evitei a troca. De b2 ele vigia o peão de e5 e embora o bispo negro esteja numa melhor diagonal ele não tem muito o que fazer. Entretanto, meu computador claramente prefere 15.Bxf8 Rxf8 16.Nd5. Embora possa não ser bem isto, talvez a idéia seja que, após algumas trocas, as peças negras remanescentes (Nd7, Qb8, and Ra8) estarão mais expostas.

Após meu 15.Bb2 as negras ainda tem problemas para colocar sua torre em jogo. Ele tentou resolver isto jogando 15...a5, mas peões não movem para trás, então a casa b5 está agora sob controle das brancas. Após 16.Rac1 Ra6 alcançamos a posição do diagrama abaixo:


Eu joguei 17.Qb5! aqui, tirando vantagem da enfraquecida casa b5 e amarrando a Ra6 ao peão a5 (ele pode jogar 17...Rb6, porque 18.Qxa5 Bb4 19.Qa4 Nc5 vence, mas uma pequena mudança com 18.Qa4 deixa a5 e Nd7 pendurados, quando 18...Nc5 permite 19.Qxa5). Um outro lance interessante seria 17.Nd5.

Após 17...Bd6 18.Nd5 Nxd5 19.exd5, eu senti que tive uma útil transformação da posição. As negras não podem jogar ainda 19...e4 por causa de 20.Qxd7 exf3 21.g3, quando a longa diagonal e o peão de f3 pendurado deixa as brancas em clara vantagem.  Entretanto, após 19...Nf6 20.Nd2 e4 21.h3, eu tenho um peão passado e a procura das negras por atividade abriu o jogo para meu Bb2. Bu ficou satisfeito com a liberação de seu peão de e5 e jogou 21...Bf4, cravando o Nd2 e alcançando o posição do próximo diagrama:


Parece que aqui as brancas perderam um pouco da força de sua posição - As negras têm alguma atividade central e preparam algumas idéias de ataque com 22...e3. Aqui eu "desarrolhei" o que provavelmente é um dos meus melhores lances com 22.Nc4!!

Êpa, eu não disse que o cavalo estava cravado?

Eu fiquei muito feliz com esta decisão e Bu também ficou bastante impressionado no post-mortem. A atividade do negro desaparece se ele tomar a qualidade - empurrar o peão para e3 está fora de questão, a diagonal a1-h8 não pode mais ser confrontada e o peão de d5 não pode ser impedido de avançar a d6, de onde ele cortaria toda a comunicação entre a ala da dama e a ala do rei.

Meu (atual) computador não ficou particularmente impressionado a princípio, avaliando a posição como mais ou menos igual. Porém, dando-lhe mais tempo e seguindo suas melhores linhas por um ou dois lances ele parece optar por uma clara vantagem para as brancas, o que é a mesma conclusão que eu e Bu chegamos.

Portanto, Bu recusou o material e lutou por conseguir alguma atividade com 22...e3!. Após 23.fxe3 Bh2+ eu não estava completamente certo de onde colocar o meu rei,mas decidi finalmente por 24.Kf1.
Embora 24.Kh1 Ne4 25.Rc2 cobre tudo por enquanto (O negro não pode jogar ...Ng3+ por causa de Kxh2!), parece estranho armar um possível "self-mate" em h1. Após 24...Ne4 25.Rc2 chegamos na posição do diagrama abaixo:

Um momento crítico da partida, embora nenhum de nós compreendia o que o negro tinha que fazer aqui. Eu estava ligeiramente ciente a respeito da posição de meu rei, mas não vi nada que o negro pudesse fazer. Bu também não encontrou nada produtivo, escolhendo 25...Ng3+?. O rei já quer sair para um pequeno passeio na ala da dama, portanto, isto só ajuda as brancas.
Em vez disso, num longo post-mortem, nós descobrimos 25...Ra8!. Não é um lance muito intuitivo, mas inteiramente lógico. O ponto é que a Ra6 não está fazendo nada e a 6ª fila não tem boas perspectivas para ela. Voltando com a torre, a Qb8 está liberada da defesa da Re8 e pode finalmente entrar na partida (talvez em g3). Algo como 25...Rd8 é mais fraco, porque a torre é mais útil na coluna do rei (protegendo o Ne4 e potencialmente alcançando o peão e3 após ...Ng3+ e ...Nf5). Como um aparte, meu "computador de sangue-frio" que não tem intuição e considera todos os lances, escolhe Ra8 em uma fração de segundo.

O branco não tem nada forçado após 25...Ra8, mas ainda está um pouco melhor - o negro também não pode forçar nada. Seria provavelmente melhor tentar consolidar com 26.Bd4 ou 26.Rd3. Ambos os lances superprotegem e3 e tentam conseguir a transferência segura do rei para a ala da dama.
Depois de 25... Ng3+?, portanto, o branco tem o trabalho de consolidação facilitado. O jogo continuou 26.Ke1 Nf5 27.Re2 Rd8 (27...Ng3 28.Rf2 Nf5 29.Kd2 é vencedor porque a torre está finalmente do lado certo do rei) 28.Rd3 Este último lance mantém tudo no centro superprotegido (por nunca ler qualquer coisa de Nimzowitsch, parece que eu, pelo menos, aprendi este princípio) e permite 29.Kd2 se necessário.

O jogo concluiu: 28...Ng3 29.Be5! Qc8 30.Rf2 Re8 31.d6 Qe6 32.Rf6, e Bu jogou a toalha. 1-0


A posição final após 32.Rf6 é de completa dominação pelas brancas. A única casa segura para a dama negra é c8, mas então 33.d7 é brutal. Mas olhando para a posição, ela até parece ridícula - As brancas controlam todo o centro do tabuleiro, enquanto as peças negras estão em casas, no mínimo, engraçadas (Bh2, Ng3, Ra6). E, terminando, parece que as brancas não se lembraram de rocar!

Ps.: Tentei ser o mais fiel possível ao traduzir os comentários do mestre,  mas se você preferir ver o original é só clicar aqui.

sábado, 16 de julho de 2011

Minha prima é campeã brasileira!

Quando me mudei para Gov. Valadares, nos anos 80, minha patroa dizia às novas amigas e vizinhas que eu era primo de Ulisses Guimarães! A maioria entendia a brincadeira, mas algumas distraídas levavam a sério, tanto que cheguei a receber condolências quando da morte do ilustre deputado!

A partir daí aproveitei o gancho e todos os "Guimarães" importantes e famosos passaram a ser meus primos...  

A última edição da Rádio Xadrez tem como convidados Evandro Barbosa e Artemis Guimarães. Eu já havia baixado o programa mas não encontrava tempo para ouvir. Agora que o Evandro conquistou merecidamente o título de MI e a "prima" Artemis venceu brilhantemente o Campeonato Brasileiro Feminino 2011 eu arrumei um tempinho!

O programa está interessante e divertido, como sempre. Eu gostei muito e quero fazer uns comentários a respeito dos convidados, dois jovens que eu acho que têm um futuro brilhante pela frente, nos tabuleiros e na vida!

Evandro Barbosa eu conheço pessoalmente, já nos trombamos em torneios mineiros alguns anos atrás. Embora eu não tenha tido a oportunidade de ter uma boa conversa com ele, apenas fomos apresentados e trocamos cumprimentos, eu o tenho em boa consideração. Se é amigo de meus amigos, então é boa gente! A impressão que tive é que ele é um garoto humilde, tranquilo e boa praça. Para mim é o suficiente!

No início do programa ele estava um pouco tímido e como todo bom mineiro ficou na dele, aguardando os acontecimentos. Depois se soltou e mostrou ser um cara inteligente e que manja do riscado. Pelo que entendi ele está se dedicando exclusivamente ao xadrez, como jogador e treinador. Ele tem talento suficiente para ser bem sucedido e até conseguir o tão sonhado título de GM... mas neste caso eu tenho um pensamento mais conservador (tô velho) e acho que ele deveria tentar conciliar o xadrez com os estudos. Eu sei que não é fácil frequentar universidade e ser enxadrista profissional, mas ele é jovem (18 anos) e aguenta o tranco!

Artemis Pâmela Guimarães Soares da Cruz é a nova Campeã Brasileira de Xadrez... e minha nova prima, claro! Quando a garota começou a falar e responder às perguntas eu fiquei impressionado! Desenvolta, tranquila, espontânea e inteligente, muito inteligente... e ela só tem 15 anos! Cada vez que a menina falava eu aumentava a lista de adjetivos: serena, madura... a garota deu um show!!

Ah, e ela disse que vai tentar o vestibular para medicina (alô, alô, mestre Evandro!) e tenho certeza que terá sucesso!

A Rádio Xadrez está de parabéns, ótimo programa. Se o xadrez brasileiro depender desses dois jovens talentos estará muito bem servido! Parabéns aos jovens Evandro Barbosa, Mestre Internacional e à Artemis Guimarães, atual Campeã Brasileira de Xadrez.

sábado, 11 de junho de 2011

São João Nepomuceno - 3

Resenha - parte 3: Balanço e partida comentada

Para quem estava a quase dois anos sem disputar partidas sérias até que fui bem no torneio. Antes da primeira rodada eu estava um pouco nervoso, mas depois que a bola rolou eu relaxei e me diverti bastante. Das partidas que venci apenas a da 4ª rodada teve alguma luta, as outras foram meio sem graça. Mostro em detalhes a partida que perdi, cujos comentários são focados no que se passou pela minha cabeça durante a peleja.

As rodadas

1ª rodada - Masegui 1-0 Mateus Mendonça - O garoto inverteu um lance e entregou um cavalo na abertura. Priorizei o relógio e demorei um pouco a converter em vitória.
2ª rodada - Marcelo Moura 1-0 Masegui - Partida que comento abaixo.
3ª rodada - Masegui 1-0 Brenda Ferreira - A garota pecou no desenvolvimento e venci rápido.
4ª rodada - Guilherme Vieira 0-1 Masegui - Ele veio tímido contra minha Siciliana e no lance 11 eu estava desenvolvido e rocado! De repente o garoto empurra o peão h e sacrifica o bispo em h6! - corajoso mas imprudente! Mais preocupado com o relógio, relaxei e permiti que o garoto esperneasse. Deixei passar várias chances de liquidar a fatura, inclusive um incrível mate em 1!. O melhor foi que o tempo todo eu estava tranquilo e com a partida na mão! No final deu tudo certo.
5ª rodada - Masegui 1-0 José do Carmo Moreira - O Dr. Zé do Carmo, gente muito boa, errou na abertura e facilitou minha vida.
 
Partida comentada

Marcelo Moreira de Moura 1-0 Mário Sérgio Guimarães
Esta é a segunda vez que nos enfrentamos, a primeira foi em Tiradentes - Setembro/2008. Naquela ocasião joguei 1.d4 e ele respondeu 1... c5. Para evitar uma Benoni, que eu não queria jogar, mudei de rumo jogando 2.e4 e caímos num Gambito Morra! Após a partida (empate) Marcelo disse que gostava de jogar o gambito de brancas. Bem, desta vez ele tem as brancas... here we go again!
1. e4 c5 2. d4 cxd4 3. c3 dxc3 4. Nxc3 Nc6 5. Nf3 e6 5... d6 é mais jogado, mas além de abrir caminho pro BR eu procurava uma chance de sair dos trilhos e, se possível, jogar d5 diretamente, já que tinha um peão pra gastar! Na pior das hipóteses seria apenas uma transposição. 6. Bc4 a6 7. O-O d6 De volta ao normal. 7... Nge7 é o preferido da maioria em meu DB, mas eu ainda pensava em transposição. 8. Qe2 Nf6 9. Rd1 Bd7!? O normal aqui é Qc7, mas não vi mal nenhum em tentar um plano novo: trazer a torre pra c8, a dama pra c7 (tendo b8 como casa de fuga e a torre já liberada) e depois, talvez, o bispo na diagonal h1-a8. 10. Bf4 Qc7 No post-mortem Marcelo propôs 10... Qb8. Expus meu plano e disse que tinha cogitado jogar 10... Rc8. O problema é que d6 está no ar e eu queria devolver o peão a mais em melhores condições. Descartei 10... e5 porque deixa um buraco permanente em d5. 11. Rac1 Be7 Pra ser coerente com meu plano o correto seria 11...Rc8. Eu pensei que teria tempo para isso e resolvi acelerar o roque (as engines apoiam meu lance!). 12. Qd2 Ne5 O lógico seria 12... Rc8, de acordo com o plano, mas isto daria às brancas a chance de recuperar o peão e simplificar a partida. O meu lance mantém o peão um pouco mais e abre possibilidades táticas... eu queria muito vencer esta partida! 13. Be2 Apesar de óbvio este lance me desconcertou. A idéia era jogar 13... Bc6, mas quando vi que seguiria 14.Nd4, ameaçando trocar o bispo, fiquei muito aborrecido. Por quê eu não vi isto antes? Tô ficando velho... merda! Com a ajuda da engine eu vi que Marcelo deixou passar 13.Bxe5 dxe5 14.Bxa6 aproveitando o descoberto na coluna c e o rei negro no centro, mas é difícil calcular as consequências numa partida 70min nocaute. 13... Qb8 Depois de vários minutos me decidi por este... dos males o menor... merda de novo!. 14. h3 O-O 15. g4 lá vem ele... Bc6 
16. Bg5

 
Posição crítica

As engines apontam vários lances que me deixam em vantagem (ainda vou analisar com carinho esta posição), mas o tempo perdido no lance 13, mais me remoendo do que analisando, está fazendo falta. Tentando vencer a qualquer custo resolvi complicar as coisas...  

Nxe4?! 17. Nxe4 Bxe4 18. Bxe7 Nxf3+ 19. Bxf3 Bxf3  Os últimos lances foram forçados, mas... 20.Bxd6 isto não entrou em meus cálculos! Qe8 único, pois se 20... Qa7 21.Bxf8 Bxd1 22.Bc5 ganha uma peça. 21. Re1?! f5? As engines indicam 21... Qd8 como igual, mas a seta subia na velocidade da luz e na hora eu só pensei em complicar e rezar por um milagre! 22.Qf4 fxg4 23. Qxf8+ Qxf8 24. Bxf8 Kxf8 25. Rc7 Re8 26. hxg4 Re7 27. Rec1 g6 Não se espante, a seta estava na "tábua da beirada" e qualquer capivarada é perdoável. Já estou jogando "ao toque"! 28. Rxe7 Kxe7 29. Rc7+ Kf6 30. Rxh7 Kg5 31. Re7 Kf6 32. Rc7 Kg5 33. Re7 Bd5 34. f3 Kf6 35.Rh7 Bxf3 36. Kf2 Bd5 37. a3 Kg5 38. Kg3 Kf6 39. Rh2 e5 40. Rf2+ Ke6 41. Kh4 Be4 42. Kg5 Kd5 1-0 Como não sou "The Flash" o relógio caiu. Para um "velho acabado" (como diz meu caçula) 70min é muito pouco tempo... e KO uma verdadeira covardia! :)

quinta-feira, 2 de junho de 2011

São João Nepomuceno - 2

Mais resenha...
O torneio foi bem organizado e gostoso de jogar. Minha única reclamação é quanto ao tempo de reflexão: 1h10'nocaute! Pra quem tá "velho e acabado" (como diz meu caçula) esse tempo é muito curto.

O Prof. Luis Fernando Zampa, organizador local do evento, é voluntário no SESI de S J Nepomuceno e faz um ótimo trabalho na escolinha de xadrez. Conversei com alguns pais e todos elogiaram a maneira como ele conduz os treinamentos, a dedicação e o carinho com as crianças. Parabéns, Prof. Zampa, continue firme!

Consultando a lista de participantes no início do torneio eu imaginei que pudesse conseguir uma boa classificação, já que eram poucos os jogadores que eu conhecia e considerava fortes, apesar de que sempre aparecem surpresas entre os "desconhecidos". Então, a princípio, achei que ficar entre os 10 primeiros seria muito bom. Portanto, ter ficado em 4º lugar superou minha expectativa!

Os favoritos do evento, na minha opinião, eram: Marcelo Moura, Julio Lapertosa, Fernanda Rodrigues, Caique Reda e Alisson Lima. Este último, quando leva a sério, joga pra dedéu! Eu e mais uns dois ou três corríamos por fora, qualquer bobeada a gente chegava junto.

Sem desmerecer os adversários, perdi de quem poderia (deveria?!) e venci quem tinha que vencer. O emparceiramento me foi favorável e acho que pela primeira vez joguei 3 de brancas em 5 rodadas. Resumindo, não fui bem tecnicamente, mas em competitividade não deixei a desejar. Ainda não repassei minhas partidas mas sei que nenhuma delas merece destaque. Claro que vou analisar com carinho minha derrota para o Marcelo Moura e quando tiver tempo vou mostra-la aqui.

Aliás, o Marcelo (filho do grande amigo Eurico Moura) protagonizou o que chamamos de "mate celular"! Após o início da 3ª rodada ele passou por minha mesa e disse "Você acredita que esqueci de desligar o celular, meu irmão ligou e perdi a partida no 2º lance?" e saiu andando aborrecido. Eu fiquei pensando "poxa, seu irmão bem que poderia ter ligado à tarde, durante nossa partida!" :)

Na última rodada aconteceu uma cena muito bonita: Pedro Ferreira Lage (13 anos) enfrentava o Sr. Ruy Furst (66 anos). O garoto jogava e olhava em volta, nervoso, provavelmente em busca de apoio na figura paterna (segundo disseram ele teve duas ofertas de empate recusadas). Josué, o pai, muito mais tenso, não tinha coragem de se aproximar temendo influenciar negativamente o filho. Eu estava ao seu lado e vi o quanto ele estava ansioso. Quando a partida terminou, com a vitória do Pedro, o abraço de pai e filho no meio do salão foi emocionante!

Ps.: a resenha continua... aff!

segunda-feira, 30 de maio de 2011

São João Nepomuceno

Olá pessoal! quem é vivo sempre aparece, né mesmo?

Eu já nem me lembrava como se movimenta o cavalo quando apareceu, de repente, o anúncio:
Aberto Classificatório Mineiro Pensado 2011 - São João Nepomuceno - 21 e 22 de maio 2011

Ora, ora, não é longe da terrinha, 180Km pra ser exato. Vamos ver se ainda sei empurrar essas pecinhas tabuleiro afora! Convenci a "santa que me cuida" a me fazer companhia, juntei as tralhas e partimos... acabei arrancando um 4º lugar que me deixou muito feliz!

A classificação final e outras informações estão disponíveis na página da FMX. Agora tratemos do que realmente interessa...

Resenha:
Cheguei na véspera, instalei-me no Hotel Santiago, guardei o carro e fui dar um passeio com a patroa. Antes, porém, o Sr. José Carlos (proprietário do hotel), numa gentileza típica dos mineiros, levou-nos ao SESI, local do evento, para nos ensinar o caminho.

De volta do passeio, enquanto a patroa ocupava o chuveiro, sentei-me no barzinho ao lado do hotel para tomar umas geladas... ninguém é de ferro!. Subi, tomei um banho e... bateram na porta! Quem será, meu Deus?... Alisson de Lima! companheiraço de outras jornadas!

Descemos pro bar e... cachaça, cerveja, velhos tempos... aí chegaram Marco Antonio (gente finíssima e, nas horas vagas, pai da ferinha Caique Reda) e Crisolon Vilas Boas! Esse é outro companheiraço: bebe, pita e joga xadrez! Pronto, já valeu a viagem!!

Fui dormir por volta de 1h da manhã, por insistência da patroa que não deixou meu celular sossegado. Essas "mudernagens" só atrapalham...

No dia seguinte, após 3 cansativas rodadas, repetimos a dose. Desta feita ainda tivemos a companhia do árbitro Wagner Terenzi e do Professor Julio Lapertosa. Papeamos bastante, rimos bastante, enfim, isso é que é torneio, o resto é bobagem...

Ah, já ia me esquecendo, também jogamos xadrez, mas sobre isso eu conto depois...

sábado, 8 de janeiro de 2011

Campeonato Mineiro 2010 - Final

A Final do Campeonato Mineiro Absoluto de Xadrez-Clássico/2010 está sendo disputada na cidade de Nova Resende, entre 4 e 9 de janeiro. Cumpridas 8 rodadas, lideram a prova:

Joao Paulo Cassemiro Marques - 7,0
FM Juliano Resende M Pereira - 6,5
Lucas Crespo de Oliveira     - 6,5
FM Arthur Gontijo Chiari     - 5,0

Comentários:
- Estou acompanhando o evento através da excelente cobertura da FMX e do Clube de Xadrez On Line, o melhor site de xadrez do Brasil;
- O jovem e talentoso João Paulo assumiu a liderança na 7ª rodada após derrotar Lucas Crespo, que vinha de impressionantes 6 em 6!;
- Faltando 3 rodadas seguem na luta pelo título Lucas Crespo e FM Juliano Resende, meio ponto atrás;
- Corre por fora, com chances remotas, outra promessa mineira, o garoto FM Arthur Chiari;
- Rogério Fontoura (meu amigo de mais de duas décadas e primeiro professor) não está tendo uma boa atuação, com 3 em 8. Vamos lá, amigão, senta a púa!

Opinião:
Não quero tirar o mérito dos enxadristas que participam desta final, todos passaram pelas etapas classificatórias e disputam o título com toda justiça. Sinto, porém, a ausência de nomes importantes, como por exemplo, Gerson Peres Batista, Julio Lapertosa, Frederico Gazel (campeão 2009), etc. São muitos os nomes e citei estes apenas como exemplo. Sem contar os titulados FM João Bosco Ladeira, FM Luiz Alexandre Gomes, FM Evandro Amorim Barbosa, IM Wellington Rocha e IM Roberto Molina, que formam a real força do xadrez mineiro atual.

É uma pena que o xadrez seja um esporte essencialmente amador, com problemas profissionais, de calendário, a falta de patrocínio... são muitas as razões. É mesmo uma pena. Imagine se essa galera toda estivesse presente numa final? Putz!!

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Well, well, well, I'm back!

Espero que os (poucos) amigos que acompanhavam as agruras de um capivara ainda estejam por perto...
Is there anybody home? Valei-me São Cipriano!

Ano novo, vida nova... roupa nova em blog velho! Pois é, farei uma pequena mudança no estilo do Recanto. A idéia inicial, como o nome sugere, era limitar as postagens ao meu universo enxadrístico, mas ficou claro, nestes 5 meses de silêncio, que minha atividade é mínima. Assim, estejam avisados: faltando movimento nas vizinhanças, trataremos da vida alheia! :)

A idéia de manter a coerência com o nível de capivarice ainda é válida, mas sem muito rigor, isto aqui é apenas uma brincadeira. Afinal, everything's bullshit!

***

Minhas promessas para 2011:

1 - Cuidar da família;
2 - Cultivar as amizades;
3 - Jogar muito xadrez;
4 - Tomar muitas biritas;
5 - Fazer o que me der na telha!

Agora, com licença que vou ali na esquina iniciar a prática do item 4 e volto já...

Feliz 2011!