sábado, 11 de junho de 2011

São João Nepomuceno - 3

Resenha - parte 3: Balanço e partida comentada

Para quem estava a quase dois anos sem disputar partidas sérias até que fui bem no torneio. Antes da primeira rodada eu estava um pouco nervoso, mas depois que a bola rolou eu relaxei e me diverti bastante. Das partidas que venci apenas a da 4ª rodada teve alguma luta, as outras foram meio sem graça. Mostro em detalhes a partida que perdi, cujos comentários são focados no que se passou pela minha cabeça durante a peleja.

As rodadas

1ª rodada - Masegui 1-0 Mateus Mendonça - O garoto inverteu um lance e entregou um cavalo na abertura. Priorizei o relógio e demorei um pouco a converter em vitória.
2ª rodada - Marcelo Moura 1-0 Masegui - Partida que comento abaixo.
3ª rodada - Masegui 1-0 Brenda Ferreira - A garota pecou no desenvolvimento e venci rápido.
4ª rodada - Guilherme Vieira 0-1 Masegui - Ele veio tímido contra minha Siciliana e no lance 11 eu estava desenvolvido e rocado! De repente o garoto empurra o peão h e sacrifica o bispo em h6! - corajoso mas imprudente! Mais preocupado com o relógio, relaxei e permiti que o garoto esperneasse. Deixei passar várias chances de liquidar a fatura, inclusive um incrível mate em 1!. O melhor foi que o tempo todo eu estava tranquilo e com a partida na mão! No final deu tudo certo.
5ª rodada - Masegui 1-0 José do Carmo Moreira - O Dr. Zé do Carmo, gente muito boa, errou na abertura e facilitou minha vida.
 
Partida comentada

Marcelo Moreira de Moura 1-0 Mário Sérgio Guimarães
Esta é a segunda vez que nos enfrentamos, a primeira foi em Tiradentes - Setembro/2008. Naquela ocasião joguei 1.d4 e ele respondeu 1... c5. Para evitar uma Benoni, que eu não queria jogar, mudei de rumo jogando 2.e4 e caímos num Gambito Morra! Após a partida (empate) Marcelo disse que gostava de jogar o gambito de brancas. Bem, desta vez ele tem as brancas... here we go again!
1. e4 c5 2. d4 cxd4 3. c3 dxc3 4. Nxc3 Nc6 5. Nf3 e6 5... d6 é mais jogado, mas além de abrir caminho pro BR eu procurava uma chance de sair dos trilhos e, se possível, jogar d5 diretamente, já que tinha um peão pra gastar! Na pior das hipóteses seria apenas uma transposição. 6. Bc4 a6 7. O-O d6 De volta ao normal. 7... Nge7 é o preferido da maioria em meu DB, mas eu ainda pensava em transposição. 8. Qe2 Nf6 9. Rd1 Bd7!? O normal aqui é Qc7, mas não vi mal nenhum em tentar um plano novo: trazer a torre pra c8, a dama pra c7 (tendo b8 como casa de fuga e a torre já liberada) e depois, talvez, o bispo na diagonal h1-a8. 10. Bf4 Qc7 No post-mortem Marcelo propôs 10... Qb8. Expus meu plano e disse que tinha cogitado jogar 10... Rc8. O problema é que d6 está no ar e eu queria devolver o peão a mais em melhores condições. Descartei 10... e5 porque deixa um buraco permanente em d5. 11. Rac1 Be7 Pra ser coerente com meu plano o correto seria 11...Rc8. Eu pensei que teria tempo para isso e resolvi acelerar o roque (as engines apoiam meu lance!). 12. Qd2 Ne5 O lógico seria 12... Rc8, de acordo com o plano, mas isto daria às brancas a chance de recuperar o peão e simplificar a partida. O meu lance mantém o peão um pouco mais e abre possibilidades táticas... eu queria muito vencer esta partida! 13. Be2 Apesar de óbvio este lance me desconcertou. A idéia era jogar 13... Bc6, mas quando vi que seguiria 14.Nd4, ameaçando trocar o bispo, fiquei muito aborrecido. Por quê eu não vi isto antes? Tô ficando velho... merda! Com a ajuda da engine eu vi que Marcelo deixou passar 13.Bxe5 dxe5 14.Bxa6 aproveitando o descoberto na coluna c e o rei negro no centro, mas é difícil calcular as consequências numa partida 70min nocaute. 13... Qb8 Depois de vários minutos me decidi por este... dos males o menor... merda de novo!. 14. h3 O-O 15. g4 lá vem ele... Bc6 
16. Bg5

 
Posição crítica

As engines apontam vários lances que me deixam em vantagem (ainda vou analisar com carinho esta posição), mas o tempo perdido no lance 13, mais me remoendo do que analisando, está fazendo falta. Tentando vencer a qualquer custo resolvi complicar as coisas...  

Nxe4?! 17. Nxe4 Bxe4 18. Bxe7 Nxf3+ 19. Bxf3 Bxf3  Os últimos lances foram forçados, mas... 20.Bxd6 isto não entrou em meus cálculos! Qe8 único, pois se 20... Qa7 21.Bxf8 Bxd1 22.Bc5 ganha uma peça. 21. Re1?! f5? As engines indicam 21... Qd8 como igual, mas a seta subia na velocidade da luz e na hora eu só pensei em complicar e rezar por um milagre! 22.Qf4 fxg4 23. Qxf8+ Qxf8 24. Bxf8 Kxf8 25. Rc7 Re8 26. hxg4 Re7 27. Rec1 g6 Não se espante, a seta estava na "tábua da beirada" e qualquer capivarada é perdoável. Já estou jogando "ao toque"! 28. Rxe7 Kxe7 29. Rc7+ Kf6 30. Rxh7 Kg5 31. Re7 Kf6 32. Rc7 Kg5 33. Re7 Bd5 34. f3 Kf6 35.Rh7 Bxf3 36. Kf2 Bd5 37. a3 Kg5 38. Kg3 Kf6 39. Rh2 e5 40. Rf2+ Ke6 41. Kh4 Be4 42. Kg5 Kd5 1-0 Como não sou "The Flash" o relógio caiu. Para um "velho acabado" (como diz meu caçula) 70min é muito pouco tempo... e KO uma verdadeira covardia! :)

quinta-feira, 2 de junho de 2011

São João Nepomuceno - 2

Mais resenha...
O torneio foi bem organizado e gostoso de jogar. Minha única reclamação é quanto ao tempo de reflexão: 1h10'nocaute! Pra quem tá "velho e acabado" (como diz meu caçula) esse tempo é muito curto.

O Prof. Luis Fernando Zampa, organizador local do evento, é voluntário no SESI de S J Nepomuceno e faz um ótimo trabalho na escolinha de xadrez. Conversei com alguns pais e todos elogiaram a maneira como ele conduz os treinamentos, a dedicação e o carinho com as crianças. Parabéns, Prof. Zampa, continue firme!

Consultando a lista de participantes no início do torneio eu imaginei que pudesse conseguir uma boa classificação, já que eram poucos os jogadores que eu conhecia e considerava fortes, apesar de que sempre aparecem surpresas entre os "desconhecidos". Então, a princípio, achei que ficar entre os 10 primeiros seria muito bom. Portanto, ter ficado em 4º lugar superou minha expectativa!

Os favoritos do evento, na minha opinião, eram: Marcelo Moura, Julio Lapertosa, Fernanda Rodrigues, Caique Reda e Alisson Lima. Este último, quando leva a sério, joga pra dedéu! Eu e mais uns dois ou três corríamos por fora, qualquer bobeada a gente chegava junto.

Sem desmerecer os adversários, perdi de quem poderia (deveria?!) e venci quem tinha que vencer. O emparceiramento me foi favorável e acho que pela primeira vez joguei 3 de brancas em 5 rodadas. Resumindo, não fui bem tecnicamente, mas em competitividade não deixei a desejar. Ainda não repassei minhas partidas mas sei que nenhuma delas merece destaque. Claro que vou analisar com carinho minha derrota para o Marcelo Moura e quando tiver tempo vou mostra-la aqui.

Aliás, o Marcelo (filho do grande amigo Eurico Moura) protagonizou o que chamamos de "mate celular"! Após o início da 3ª rodada ele passou por minha mesa e disse "Você acredita que esqueci de desligar o celular, meu irmão ligou e perdi a partida no 2º lance?" e saiu andando aborrecido. Eu fiquei pensando "poxa, seu irmão bem que poderia ter ligado à tarde, durante nossa partida!" :)

Na última rodada aconteceu uma cena muito bonita: Pedro Ferreira Lage (13 anos) enfrentava o Sr. Ruy Furst (66 anos). O garoto jogava e olhava em volta, nervoso, provavelmente em busca de apoio na figura paterna (segundo disseram ele teve duas ofertas de empate recusadas). Josué, o pai, muito mais tenso, não tinha coragem de se aproximar temendo influenciar negativamente o filho. Eu estava ao seu lado e vi o quanto ele estava ansioso. Quando a partida terminou, com a vitória do Pedro, o abraço de pai e filho no meio do salão foi emocionante!

Ps.: a resenha continua... aff!