sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Capivara, graças a Deus!

"Everyone has great Chess stories.
The Chess doesn't have to be perfect,
only the emotions have to be real."
Brian Wall


Meu primeiro contato com o jogo de xadrez foi em 1975. Um primo me ensinou a movimentar
as peças e fui logo acometido por uma paixão avassaladora. Fiquei fascinado por aquelas
pecinhas de madeira e a capacidade que elas tinham, com seus movimentos, de criar situações
inusitadas e intrigantes. Aquele emaranhado de peças, digladiando-se, transformou-se em
meu principal hobby. Desde então, tenho passado por momentos maravilhosos praticando a arte
de Caissa.

Não sou um mestre do xadrez e nunca tive a pretensão de ser. Refiro-me, claro, à obtenção
de um título outorgado por uma instituição apropriada. Para tornar-se um mestre de xadrez
não basta talento, é necessário uma dedicação intensa: muito estudo, muita prática, muito
treinamento, como todo esporte ou arte. A maioria das pessoas que gostam de jogar xadrez
nunca alcançarão tal título. O trabalho, a família, enfim, as responsabilidades das lides
diárias não permitem a dedicação necessária para a obtenção de um título desse nível. Mas
você não precisa ter um título de mestre, ou grande mestre, para usufruir das maravilhas
que o jogo oferece. Também, o xadrez é tão bacana que existe um título específico para
aqueles que não alcançam a mestria no jogo: Capirava!

O mais interessante de um "Capivara" é que mesmo nas derrotas (e olha que são muitas)
ele se sente satisfeito. Claro que ele gosta de vencer, todo mundo gosta, mas o prazer
de se jogar uma partida independe de seu resultado final. As análises post-mortem, a
resenha, o aprendizado adquirido e a satisfação da vitória, se e quando for o caso, são
mais que suficientes para lhe proporcionar um imenso prazer e divertimento.

A idéia de criar este blog é exatamente para compartilhar com os amigos Capivaras o prazer
desta troca de figurinhas que a internet (e o xadrez) nos permite. Sendo um Capivara de
carteirinha, posso fazer minhas resenhas, contar meus causos e até arriscar umas análises
de partidas, sem me preocupar com a perfeição exigida pelos mestres. Não que eles não sejam
bem-vindos, pelo contrário, temos muito que aprender com eles. Mas adianto que o nível por
aqui é despretensioso e descompromissado, típico de um Capivara.

Para terminar, devo confessar que o fato de ser Capivara muito me apraz! Após uma derrota
o mestre passa horas a fio analisando a partida, tentando descobrir onde errou, por que
perdeu, etc. e tal. Eu, Capivara confesso, dou uma rápida olhada, chego a conclusão de
que foi outra "capivarada" e vou pro boteco da esquina "cervejar" com os amigos.

Ps.: Todo e qualquer papo extra-xadrez que surgir por aqui é uma questão de minisqüência!

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